As medidas e implicações do Consenso de Washington


Abertura comercial, privatizações e austeridade são algumas das medidas neoliberais que foram receitadas aos países em desenvolvimento no início da década de 1990. Formulado por economistas de entidades financeiras internacionais (FMI, BIRD, etc.) no final do ano de 1989, o Consenso de Washington foi amplamente defendido pelos países desenvolvidos. Eles alegavam que o conjunto de medidas seria pertinente no combate à crise da época e promoveria o bem-estar social no chamado “terceiro mundo”.

Porém, ao invés de acelerar o desenvolvimento econômico dos países que seguiram o receituário, a execução do projeto neoliberal teve como resultado a devastação do mundo subdesenvolvido, que mergulhou em recessão, desemprego, inflação e endividamento. Foi a maior estupidez que os então países em desenvolvimento já fizeram. Pelo fato de serem subdesenvolvidos não significava que seus problemas eram coincidentes. Cada país tem suas peculiaridades e, portanto, demanda soluções especiais. Foi infinitamente nefasto não levar em conta a profunda diferença entre um e o outro.

O mais curioso é que aqueles países que deram o total apoio a esse plano econômico foram os mesmos que conseguiram se desenvolver  justamente com a adoção de medidas duramente protecionistas, como a proteção aos produtos domésticos pela imposição de obstáculos (tarifas alfandegárias) à importação de produtos concorrentes.
   
Alguns países foram espertos e fizeram exatamente o contrário daquilo que foi pregado a partir de 1990. Aqueles que não seguiram as recomendações da política econômica formulada em Washington obtiveram grande sucesso. A Malásia constitui um caso especial e prova de que as políticas neoliberais eram falaciosas, contemplando apenas os países do “primeiro mundo”. Em meio à crise, o país asiático fixou o câmbio, reduziu os juros e elevou os gastos públicos. Como consequência, a Malásia se recuperou de forma espetacular com o crescimento da indústria, queda da taxa de inflação e decréscimo da relação dívida/PIB

Fica evidente que os países centrais do capitalismo não querem que seus “parceiros” comerciais da periferia se desenvolvam, querendo o que é de melhor apenas para eles em detrimento dos outros. Trata-se de uma estratégia sórdida criada pelos países desenvolvidos para impedir os demais países, especialmente aqueles que pertenciam ao bloco soviético, de conquistar o status de “primeiro mundo”.

Os países em desenvolvimento até hoje estão sofrendo grandes pressões para adotar uma série de medidas políticas outrora prescritas pelo Consenso de Washington. No entanto, com a nova crise de agora, são os países do “norte” que passam por maiores dificuldades. Endividados e economicamente abalados, eles correm atrás de empréstimos e de ajuda financeira do FMI, assim como de outros países em melhor situação. Como nada é incondicional sob a lógica capitalista, para obter a ajuda tão necessária é preciso que esses países adotem o conjunto de políticas que os mesmos respaldaram no final da década de 1980.

Portanto, para contrair empréstimos no exterior o país endividado tem que cortar gastos e penalizar a população com os planos de austeridade. O pior é que desta vez não é apenas uma recomendação, como também uma chantagem àqueles que estão mergulhados em dívida e estagnação.

Segundo o ditado, tudo que plantamos certamente colheremos. É o que acontece com os países de economia avançada que tiveram grande questão em ajudar na formulação de um plano que foi prejudicial para muitas regiões no mundo, além de quebrar várias economias (é o caso da Argentina) e de trazer ainda mais crise para aqueles que o adotaram. Por isso, é de importância vital considerar com seriedade as políticas e implicações do Consenso de Washington e, ao mesmo tempo, pensar em medidas alternativas ao neoliberalismo. 

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